Na última quinta-feira (16 de janeiro de 2025), o mundo do entretenimento perdeu mais uma estrela. Estamos falando do cineasta cult David Lynch. Conhecido mundialmente pelo seriado televisivo dos anos 90 “Twin Peaks (1990 a 1991)”. Ele era o que chamamos de “artista completo”. Além do cinema e televisão, também tinha uma carreira musical, artista plástico, pintor e as vezes atuava nos próprios filmes ou em participações especialíssimas. Como vimos recentemente no autobiográfico “Os Fabelmans (2022)” do mago Steven Spielberg, onde Lynch é o icônico cineasta John Ford. Este conversa com um jovem Sammy Fabelman, alterego de Steven, sobre como enxergamos o horizonte nos quadros que decoram seu escritório.
Seu olhar diferenciado e estética que beira ao inusitado, David realizou trabalhos antológicos como o terror surrealista “Erasehead” de 1978. Que ele iniciou em 1971 após uma serie bem sucedida de curtas-metragens entre os anos de 1966 e 1974. Levou cinco anos para ser produzido. Mesmo numa época em que a saga do Criador George Lucas, “Star Wars”, roubava a cena, Lynch conseguiu deixar seu recado. Seu próximo trabalho, o drama “O Homem Elefante” de 1980. Produzido pelo mítico Mel Brooks, a película foi muito elogiada pela crítica. Teve 08 indicações ao Oscar daquele ano, incluindo Melhor Diretor para Lynch.
Assim foi chamado para realizar a adaptação da scifi “Duna” de Frank Herbert em 1984. Apesar do rico material em mãos, Lynch não conseguiu o sucesso alvejado. Atualmente foi reconhecido e é enaltecido pelos fãs. Comentamos no link: https://cyroay72.blogspot.com/2024/02/duna-1984-de-frank-herbert-por-david.html. Depois realizou os impactantes “Veludo Azul (1986)” e “Coração Selvagem (1990)”, por este levou para casa a Palma de Ouro do Festival de Cannes em 1990. Aqui uma história interessante: Lynch era fascinado pelo clássico musical “O Magico de Oz (1939)” de Victor Fleming desde criança.
Os filmes citados anteriormente possuem referencias. Como a personagem de Isabella Rossellini em “Veludo Azul”, seu nome é Dorothy. “Coração Selvagem” é praticamente sua visão sobre o filme de 1939. O casal formado pelo “pau para toda obra” Nicolas Cage e a musa de David, Laura Dern (a dra. Ellie Sattler da franquia “Jurassic Park”), Ripley e Lula respectivamente. Com o personagem de Cage inspirado livremente no Rei do Rock Elvis Presley.
Nos anos 90, viveu o auge da sua carreira com a minissérie “Twin Peaks”, criado ao lado de Mark Frost. Onde trouxeram a investigação sobre o assassinato da jovem Laura Palmer (Sheryl Lee) ocorrido na fictícia cidade do Pacifico Norte nos EUA. Liderada pelo agente FBI Dale Cooper, interpretado por Kyle MacLachlan (que trabalhou com David em “Duna”), que estou de cabeça nos mistérios entorno de Twin Peaks, ele não conseguiu descobrir quem assassinou a vítima. Com o filme “Twin Peaks: Os Últimos Dias de Laura Palmer” de 1992, que serviu como preludio dos eventos vistos no seriado e a temporada no canal das redes sociais Netflix em 2017, trouxeram a verdade dos fatos. Mas que ratificaram o estilo de Lynch, como uma estética única.
Onde o terror e o suspense, ganham uma aura de horror com sequencias que misturam sonhos e uma realidade própria do cineasta. Desvinculado da humanidade, seu olhar sobre a mesma que exibe um surrealismo, que se tornou sua marca registrada. Seus filmes não precisam de uma explicação detalhada sobre sua trama, deixando o espectador imaginar o que poderia ter ocorrido ou não, exemplificado com o perturbador road movie “A Estrada Perdida (1997)”, o tocante “Uma História Real (1999)”, o filme de mistério “Cidade dos Sonhos (2001)” e o thriller psicológico “Inland Empire (2006)”.
Este último, marcou sua despedida da sétima arte. Ele se dedicou a tratar um enfisema pulmonar. Já que fumava desde criança. Sua provável causa de morte. Se tornou um devoto da Meditação Transcendental. Chegando a excursionar pelo mundo para divulga-lo, com direito a passagem na nossa terra brasilis em 2008. Uma frase dita em entrevista para a revista Vulture em 2018, pode resumir sua carreira: “Eu amo o que faço e posso trabalhar em coisas que quero trabalhar. Gostaria que todos tivessem essa oportunidade”.
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