O ser humano possui seus desejos. Sejam materiais, sejam íntimos. Como disse um professor com quem tive aulas da faculdade, “As pessoas são insaciáveis”. O desejo por algo a ser conquistado é o que nos motiva. E após conseguirmos, já queremos realizar outro de forma imediata. Ou simplesmente reprimi-lo e ficar imaginando se tivéssemos feito o que queríamos. Assim chegamos ao drama com toques sensuais “Babygirl (2024)”. Estrelado pela musa Nicole Kidman, o galã espanhol Antonio Banderas e o jovem Harris Dickinson. Eles interpretam a CEO Romy, o diretor teatral Jacob e o estagiário Samuel respectivamente. Romy e Jacob são casados e têm duas filhas Isabel (Ester McGregor) e Nora (Vaughan Reilly). O que parece ser uma forte união como bem vimos na cena de abertura com o casal transando com suspiros de ambos.
Ao final e um “Eu te amo” mutuo, Romy se dirige ao outro quarto para ver no laptop, pornografia. Desta vez, o orgasmo é reprimido. De volta à normalidade, ela está à frente de uma empresa que realiza entrega de mercadorias para grandes armazéns ao melhor estilo Amazon. A utilização de robôs ao invés de mão de obra humana de uma forma inovadora. Sendo uma referência no ramo. E a exigência da companhia para trabalhar com mulheres. Exemplificado na sua assistente pessoal Esme (Sophie Wilde). Sua rotina corporativa é abalada ao conhecer o estagiário Samuel. Ao invés de se colocar mais abaixo na escala profissional, a olha diretamente nos olhos e de cabeça erguida.
Ela fica intrigada por isso, faz com que deseje saber mais sobre o jovem. Romy relembra que seus caminhos se cruzaram poucos momentos antes. Ela se impressionou com seu domínio com o cão bravo e sem coleira que se perdeu do seu dono. Totalmente obediente. Isso acende nela, um desejo íntimo que não consegue expressar para Jacob. A partir daí, Romy e Samuel iniciam um jogo de sedução. Onde ela experimenta o que sempre desejou e nunca se sentiu a vontade de fazer com Jacob. Uma submissão que não impõe como empreendedora, aceitando o que Samuel pedir sem questionamentos. Muito bem exemplificado na sequência em que bebe um copo de leite, de acordo com o comando de seu “novo” chefe. Que ao final lhe diz: “Boa menina!”
Assim rola a trama de “Babygirl”, escrita e dirigida por Halina Reijn. Ao contrário dos filmes do gênero, a sexualidade é explorada para complementar a história. Podendo parecer vulgar, quando na verdade não é. A atração entre Romy e Samuel gera um conflito, é isso que a instiga. Enquanto seu parceiro aparenta ser manipulador, quando realmente ele está jogando com ela. Como num jogo de pôquer, o blefe é o que importa. Como sempre, Nicole abre seu leque dramática, para nos trazer uma personagem que se questiona sobre o que deseja para si. Ao mesmo tempo, a preocupação em não ferir Jacob pelas suas ações. As dúvidas e as certezas. Harris é um talento bruto em cena.
Cativante e ciente do que pode ou não fazer com Romy. Os dois mostram uma ótima sintonia, onde Nicole precisou interromper uma das cenas por estar com falta de ar. Uma tensão sexual de arrepiar os pelinhos do corpo. Principalmente quando estão entre as quatros paredes do hotel que frequentam. Reijn exibe um olhar feminino como a mulher que está no mesmo patamar de um homem bem-sucedido, que busca realizar seus desejos mais pessoais. Indo além do sexo, as relações se constroem e com o passar do tempo, vão se distanciando. Porque não há uma vontade de ser criar um vínculo, apenas fazer que está dentro de si.
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