O conceito de uma pessoa normal foi se transformando com o passar dos anos. Uma estética que foi ganhando novos contornos em meio a um ideal de beleza física que manteve até hoje. Doenças que causam deformação física, seja numa parte do corpo escondida com roupas ou aquele mais visível no nosso rosto por exemplo. Assim temos a comedia de humor negro com ares de terror, “Um Homem Diferente (A Different Man, 2024)”. Escrito e dirigido por Aaron Schimberg. Ele nos traz o conto sobre Edward, interpretado pelo Soldado Invernal da Marvel Sebastian Stan. Um homem que sofre de neurofibromatose, doença que causa serias deformações no rosto.
Ele é um ator que trabalha em comerciais institucionais que mostra como tratar pessoas que sofrem isso. Ao mesmo tempo, como elas devem se cuidar. Seu cotidiano causa certo espanto das pessoas quando sai de casa para trabalhar. Por isso, Edward fica mais no seu lar e se isolando de tudo e de todos. Isso muda ao conhecer sua nova vizinha, Ingrid (Renate Reisnve). Uma jovem dramaturga que está escrevendo sua primeira peça teatral. Um encontro que marcará a vida de ambos. De início, ela se assusta com a aparência de Edward. Ao mesmo tempo, fica tocada com a personalidade doce e frágil.
Já ele se sente atraído por Ingrid. Só que não se sente correspondido, até resolve participar de um experimento inédito. Que consegue eliminar deformidades como a dele. Da noite para o dia, surge o rosto que conhecemos mundialmente. Um homem bonito e carismático, o que possibilita Edward a ser quem sempre desejou ser. Uma pessoa extrovertida que se relaciona bem com todos. Deixando de lado, a pessoa introvertida e envergonhada de si para trás. Passando a se chamar Guy Moratz. Dizendo que é primo de Edward e que este faleceu. Com sua nova persona, se torna um corretor de imóveis e o garoto propaganda da corretora. Sua vida segue como sempre sonhou.
Ate que seu caminho se cruza novamente com o de Ingrid. Ela a segue ate um teatro off-broadway e descobre que o tema de sua primeira peça “Edward” é o próprio. Resolve participar da seleção para o papel principal. Consegue impressiona-la e a produção da peça. Ingrid não o reconhece e os ensaios começam. Ao mesmo tempo, os dois engatam uma relação. Próximo da estreia da peça, eis que surge Oswald (Adam Pearson). Um homem vivido que possui uma riqueza cultural de dar inveja. E um pequeno detalhe, ele tem neurofibromatose. Chamando atenção e causando um certo incomodo a Guy.
Oswald consegue fazer parte da produção, para mais tarde assumir o papel que era de Guy. Este fica irritado por ter perdido o papel de sua vida e tentando entender como isso aconteceu. Assim temos o mote inicial de “Um Homem Diferente”, Shimberg abre o leque para uma discussão sobre o que é ser belo e o que é ser feio. O estereótipo de ambos confunde nossas mentes e sentimentos. Até onde vai o dilema moral para isso acontecer? Isso é visto na atuação de Sebastian, que se questiona sobre suas decisões. A escolha de acabar com sua deformidade foi acertada. Já que Oswald conseguiu tudo o que sempre desejou sendo quem é. Já este é feto por Adam, um deleite em cena. Que não se deixa levar pela doença, apenas convencendo com ela.
Chegando a fazer piadas sobre sua condição e levando a vida normalmente. Um diferencial é sua personalidade descolada e cativante, o que as pessoas no redor bem a vontade. Não se influenciando pela sua aparência e o tratando como semelhante. “Um Homem Diferente” opta por exibir que precisamos pensar como Oswald, a vida é para ser vivida. Não se importando se somos bonitos e / ou feios. Apesar dos defeitos físicos, tanto de Edward quanto de Oswald, são supervalorizados. Deixando bem claro que pessoas como eles sofrem um preconceito velado na sociedade em que vivemos.
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