Os Quatro Rapazes de Liverpool deixaram um legado tanto musical quanto cultural. Marcaram seus nomes na história mundial. Quando a banda foi se tornando o fenômeno que bem conhecemos, John Lennon (guitarra e vocais), Paul McCartney (contrabaixo e vocais), George Harrison (guitarra solo e vocais) e Ringo Starr (bateria e vocais) então jovens, apenas queriam tocar suas canções e viajar mundo afora. Sua história foi contada detalhadamente na excepcional serie “Get Back (2021)” de Peter Jackson e o auge da chamada Beatlemania em “Eight Days A Week: A Touring Years (2016)” de Ron Howard.
Este último é o tema de “Beatles ’64 (2024)”, dirigido por David Tedeschi e produzido por Martin Scorsese. Assim como “Get Back”, disponível no Disney+. Tedeschi e Scorsese recuperaram imagens feitas pelos irmãos Albert e David Maysles, a dupla realizou antológicos documentários como “Gimme Shelter (1970)” e “Grey Gardens (1975)”. Eles acompanharam os Beatles em sua primeira passagem na terra do tio Sam em fevereiro de 1964. O país ainda vivia o luto pelo assassino do presidente John F. Kennedy.
Para quem viveu este momento na época, falam que o grupo trouxe uma sensação de alivio e alegria pelo EUA. Vindo do estrondoso sucesso na Europa ate a primeira apresentação no programa televisivo “The Ed Sullivan Show” e shows caóticos e antológicos em Nova York, Washington e Miami. Contando com depoimentos e imagens inéditas, o documentário é uma viagem no tempo. Acompanhamos o grupo mais perto, vemos com eles se divertiam entre si. Piadas e brincadeiras na frente das câmeras. Ao mesmo tempo, o entusiasmo e o fascínio ao pisar em solo norte-americano pela primeira vez. Contando com entrevistas com pessoas viveram o começo da Bealtemania nos EUA.
Uma fã relata que ficou dias na frente do Plaza Hotel para conseguir falar com os Beatles. E que comprava toalhas que teriam sido usadas por eles. Já outro comprou meias, talcos, vestidos e canecas. Alguns mais conhecidos como o cultuado cineasta David Lynch que se espantou com a banda, ao testemunhar o show em Washington. Um dos melhores momentos é quando vemos George brincar na frente das câmeras. Ao contrário do que muitos imaginavam, ele é o mais animado. Ringo exibe o bom humor que bem conhecemos, John e Paul interagem ao seu modo. O jeito sarcástico do primeiro foi surgindo no decorrer dos anos e a polidez do segundo é dividida com a jovem personagem forte.
Uma espontaneidade pouco vista do grupo. Nos dias de hoje, Paul em visita à exposição no Brooklyn Museum, relembra como os fãs impulsionaram o grupo a se tornar o que vimos a conhecer. Ao mesmo tempo, espantando com o reboliço que causaram no país e acrescenta que a presença deles os ajudou a superar a morte súbita de seu então presidente. Já Ringo em conversa com o próprio Martin, comenta a precariedade das apresentações.
Revê sua bateria da época e o vestuário utilizado em “Sgt. Pepper”. E por isso, caiu uma vez do palanque montado e queria estar mais próximo de George, Paul e John. Sendo os próprios que viravam seu kit de bateria em direção ao público, para ficarem mais perto deles. ‘Beatles ‘64” é um retrato de como a efervescência naqueles tempos se mistura ao fenômeno dos Beatles, uma ruptura cultural e social nos EUA. Um testemunho do poder da música.
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