Pular para o conteúdo principal

As "POBRES CRIATURAS" de Yorgos Lanthimos

O cineasta grego Yorgos Lanthimos sempre trouxe seu olhar sobre a humanidade. Onde a descontrói e simultaneamente faz uma crítica como ela é nos dias de hoje. Em especial, nossas falhas e defeitos como indivíduos. Com isso dito, uma visão muito pessoal sobre nós mesmos. Trazendo à tona um estilo pouco visto atualmente, o chamado “cinema de autor”. Ele fez isso muito bem em “Dente Canino (2009)”, “O Lagosta (2015)”, “O Sacrifício do Cervo Sagrado (2017)” e mais recentemente em “A Favorita (2018)”. Agora em “Pobres Criaturas (Poor Things, 2023)”, ele aproveita o conto de Mary Shelley, “Frankenstein”, para montar o próprio, propriamente dito.  E mostrar como o ser humano da atualidade repete erros do passado e criando novos dilemas para sua pessoa.

Assim conhecemos a jovem Bella Baxter, feita por Emma Stone (Oscar de Melhor Atriz por “La La Land: Cantando Estações, 2016”), ela foi concebida de uma forma peculiar. Na verdade, ela se suicidou e seu corpo foi encontrado às margens do Rio Tamisa em Londres pelo estudioso medico Godwin Baxter, interpretado pelo veterano Willem Dafoe (o eterno Duende Verde da trilogia “Homem-Aranha” de Sam Raimi). Com um pequeno detalhe, ela estava gravida. Realizou uma operação que retirou o feto, tirou seu pequeno cérebro e o colocou na cabeça da falecida. Desconhecendo sua verdadeira identidade, a adotando com sua filha. Apesar do corpo adulto, sua atividade é de uma criança pequena. 

Aos poucos, aprende a falar. Porém é tudo acelerado. Começa a questiona-lo e por isso, Godwin chama o estudante Max McCandles (Ramy Youssef) para auxilia-lo na pesquisa. Devida a idade e saúde frágil, Baxter tem dificuldades em acompanha-la. Já que ela fica confinada em sua casa. Aos poucos, ele é convencido que Bella precisa conhecer o mundo ao seu redor. Godwin sugere que Max se case com Bella. Este se sente elogiado e confirma que possui sentimentos por ela. Eis que surge o advogado Duncan Wedderburn, com Mark Ruffalo (o Gigante Esmeralda do Universo Cinematográfico Marvel), com um contrato de matrimonio a mando de Baxter. Ele informa que há inconsistências no documento e acredita que Bella ficará presa ao casamento de forma definitiva. 

Duncan fica intrigado e deseja conhece-la. Ela está se descobrindo, no caso, a puberdade. É pega de surpresa por ele e que lhe propõe fugirem juntos. A contragosto, Godwin a deixa partir e Bella parte em busca do conhecimento que tanto procura. Assim temos o mote inicial de “Pobres Criaturas” a partir do romance de mesmo nome escrito por Alasdair Gray, adaptado por Tony McNamara com Yorgos imprimindo sua visão única ao conto. 

Há claras referências à história de Shelley, somada à revolução sexual. Uma clara contraposição à “Barbie (2023)” de Greta Gerwig. A estilização da mulher perfeita é quebrada pela procura da mulher em ampliar seus horizontes. Sejam íntimos, sejam intelectuais. Emma e Mark protagonizam o romance com cenas quentes. Remetem ao Kama Sutra. E após o termino do namoro, ela se torna prostituta para ganhar dinheiro. Deixando esse estereotipo da “mulher vulgar” como uma ruptura do paradigma. Bella quer viajar mundo afora e conhecer pessoas.

Fazendo isso, para conhecer mais a si própria, nem que superar os próprios limites. Sem qualquer tipo de arrependimento. A personagem de Stone é destemida e a cada passo em sua jornada iniciada em Lisboa, fortalece sua personalidade. A cada parada, uma mudança é sentida. Em Alexandria (Egito), fica comovida ao ver crianças pobres e famintas. Já em Paris, além de se encontrar sexualmente, acende sua chama politica. Mais voltada ao socialismo. 

A película é um primor para os olhos. Sentimos que estamos dentro de uma pintura renascentista. Figurinos e a cenografia ressaltam isso. Yorgos apresenta o questionamento do ser humano desde o nascimento passando pela fase da adolescência, onde iniciamos a formação de nosso caráter. Chegando a fase adulta, resoluto de nossas decisões. Após passarmos por adversidades e alegrias, conforme foram nossas escolhas individuais. Ou seja, reflexões sobre uma vida.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Zendaya & Os "RIVAIS"

Ao contrário do que se pode imaginar, o drama “ Rivais ( Challengers , 2024) ” não é um filme sobre tênis. Apesar do foi visto nos trailers e os vídeos promocionais, o filme discute a relação entre Tashi Duncan e os amigos de infância Art Donaldson e Patrick Zweig. Eles são interpretados pela musa Zendaya , Mike Faist (da refilmagem “ Amor Sublime Amor , 2021”) e Josh O’Connor (o Príncipe Charles da série Netflix “ The Crown ”, 2016 a 2023) respectivamente. Dirigido por Luca Guadagnino de “ Me Chame Pelo Meu Nome (2017)” a partir do roteiro escrito por Justin Kuritzkes . Zendaya é a jovem tenista com futuro promissor. Já os personagens de Mike e Josh almejam ser grandes tenistas.  A princípio, o conto se mostra simples, só que não é.  Tashi é uma mulher ambiciosa, que deseja aproveitar ao máximo seu talento para o esporte. Art e Patrick, tem interesses próprios. O primeiro quer conquistar todos os torneios que participar, já o segundo deseja fama e fortuna. Embora Patric...

Visita a "CASA WARNER"

Aberta desde 01 de setembro, a exposição que celebra os 100 anos dos estúdios Warner Bros. , chamada “ Casa Warner ”. Localizada no estacionamento do Shopping Eldorado (Zona Oeste) na cidade de São Paulo. Ela nos traz seus personagens clássicos dos desenhos animados Looney Tunes como Pernalonga, Patolino, Frajola e Piu-Piu. Em especial, “ Space Jam (1996)” e “ Space Jam : Um Novo Legado (2021)”, ambos com as estrelas do basquete Michael Jordan e LeBron James respectivamente. Além da dupla Tom & Jerry. Filmes que marcaram a história da Warner também estão lá. Como a reprodução do cenário do clássico " Casablanca (1942)" estrelado por Humphrey Bogart e Ingrid Bergman. Somado aos heróis do Universo Estendido DC que já estão na entrada da exposição. A  Liga da Justiça surge em tamanho natural como estatuas de cera. O Cavaleiro das Trevas está representado pelo seu Batmóvel do antológico seriado estrelado por Adam West e ao seu lado o furgão Máquina do Mistério da turma do ...

Simplemente "TINA"

O que pode ser dito sobre Tina Turner ? Conhecida como a Rainha do Rock e a dona das mais belas pernas do mundo da musica. Hoje aos 81 anos, não faz mais shows como antigamente. Aproveita a aposentadoria para cuidar da sua saúde. Após sofrer um derrame, vencer o câncer e uma insuficiência renal onde precisou se submeter a um transplante em 2017. Sobreviver e lutar pela vida faz parte do dicionário pessoal de Tina.  Desde o casamento abusivo com Ike Turner e a traumática separação, onde precisou começar do zero sua carreira. Ainda tendo que lidar com  o preconceito da indústria fonográfica, que não acreditava no seu talento sem a presença de Ike. Na época, tinha 39 anos.  Comprovado em 1984 com o sucesso mundial do disco “ Private Dancer ”. Dai sua carreira deslanchou de vez, consolidada com o tema musical composta para “ Mad Max: Além da Cúpula do Trovão (1985)”, “ We Don’t Need Another Hero ( Thunderdome )”. Onde inclusive atuou fazendo a vilã da película, Auntie Enity....