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Reflexões em "VIDAS PASSADAS"

Vivemos e aprendemos. Seja com nossos pais, professores na escola, parentes e amigos de infância. Que podem se tornarem amigos de uma vida, ou como se preferir irmãos de coração e mente. Idas e vindas fazem parte da nossa jornada pessoal. Isso fez com que a cineasta de primeira viagem Celine Song escrever parte dela em seu primeiro filme “Vidas Passadas (Past Lives, 2023)”. Conhecemos Na Moon (Seung Ah Moon) e Hae Sung (Seung Mim Yim). Frequentam a escola juntos até a pré-adolescência em Seul (Coreia do Sul). Engatam um namoro, porem a família de Na está de mudança para o Canadá. O pai é cineasta e a mãe é artista plástica, buscam novas oportunidades de trabalho do outro lado do continente asiático. Na passa a se chamar Norah. 

Estamos em 2000 e com a distância, eles perdem o contato. Passados 12 anos em uma mensagem no Facebook, Hae busca encontrar Norah. Ela responde e os dois retomam o contato via Messenger na plataforma. Relembram os tempos de escola e questionam o que cada um estava fazendo. Ela está se formando em literatura e ele terminando os estudos para ser engenheiro. Adultos, Norah é feita por Greta Lee (a Stella Bak da série Apple TV “The Morning Show” desde 2021) e Hae ganha o rosto de Teo Yoo. A relação engata, juntamente com as cobranças. Quando cada um visitar o outro. Norah está vivendo em Nova York e Hae continua morando com os pais em Seul. Ela pede um tempo para concluir a universidade e ele concorda. Em seus respectivos espaços, é sentida a melancolia em ambos.

Mais doze anos e o casamento de Norah com Arthur (John Magaro), que conheceu em seu ultimo ano na universidade. Já Hae engrenou na carreira como engenheiro e marcou uma viagem para Nova York para vê-la finalmente, depois de tanto tempo. Assim temos o mote inicial de “Vidas Passadas”, Celine nos proporciona um retrato sincero e honesto sobre o conceito de almas gêmeas. Encontros e desencontros fazem parte do casal. Mesmo assim, eles mantem o amor que sentem um pelo outro. Não importando tempo e distantes um do outro. Um retrato do choque de realidade por parte de Hae que vê Norah feliz profissional e pessoalmente. A união com Arthur só ratifica isso. 

Ele se preserva e não tenta dissuadi-la. Colocam o papo em dia, com passeios pela Big Apple. Que inclui uma viagem de balsa até a Estátua de Liberdade. Que incomoda Arthur, já que ele nunca foi lá. Ele se sente fragilizado com a presença de Sung, acreditando que perderá sua esposa. Já Norah sente o impacto da presença dele, mas tem a certeza foi benéfica para ela. Conquistando seus sonhos e deixando seu passado para trás, o que incluiu Hae. A despedida em um happy hour, ela lhe diz que a menina que conheceu está em seu coração. Não existe mais para Norah, agora é uma dramaturga. Hae está ciente disso e concorda . Está muito feliz por ela e coloca no campo hipotético, caso tivesse ficado juntos em Seul. Habilmente, Song não deixa isso em aberto. 

Conclui a história dos dois como se iniciava quando eram crianças. Hae acompanhando Na / Norah e a escada que separa as ruas de seus lares. O silencio e uma troca de olhares já dizem tudo. De volta aos dias de hoje, Sung apenas lhe diz “Eu te vejo em breve”. Greta exibe toda sua dor com a despedida e a falta que sente da sua cultura. Muito bem representado com a presença e a quietude de Hae, Teo exibe isso maravilhosamente.  Magaro está perfeito como o homem inseguro com que está vivenciando. Isso fica evidente no happy hour, todo seu desconforto está nos olhos e na postura corporal.

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