Quem não se encantou com o joguinho de blocos chamado Tetris. Juntá-los para serem deletados, logo em seguida, para formarem um novo e impedir que o jogo chegue ao seu fim. Criado pelo programador russo Alexey Pajitnov como uma forma de entreter seus amigos no trabalho. Já que passavam horas e horas, enfiados no trabalho para sustento próprio e da família. O jogo se tornou uma febre no país e chamando atenção do governo soviético. Que correu contra o tempo para evitar que ele se propagasse ainda mais e causando um colapso nas redes de comunicação, já precárias na época.
Um pequeno detalhe: Estamos na Guerra Fria. Sim, no final dos anos 80 e início dos 90, com o governo de Mikhail Gorbatchov em fim de seu mandato e o comunismo cedendo espaço ao capitalismo. Já que repúblicas da então União Soviética estavam reivindicando sua independência. Funcionários do governo como Robert Stein enxergaram uma oportunidade de vender o jogo para fora do país. No caso, os EUA. Em meio a isso, o jovem empreendedor e programador Henk Rogers adquiriu os direitos do jogo para console no Japão e uma parceria com a Nintendo. Porem ele descobre que isso será mais complicado do que imaginava. Daí temos o mote inicial para “Tetris (2023)”. Dirigido por Jon S. Baird e roteiro de Noah Pink, para contar como desenrolou esse conto verídico com altas doses de suspense acompanhadas de muito bom humor.
Como Henk, temos o Elton John do cinema Taron Egerton no papel, e Alexey é feito por Nikita Efremov. Henk ao lado da esposa Akemi (Ayane Nagabuchi) e das filhas tocam suas vidas em Tókio. Eles dirigem uma pequena empresa de software e ele está numa feira de informática em Las Vegas para promovê-la. O jogo de um expositor chama sua atenção e vendo a oportunidade para prosperar comercialmente. Entra em contato quem tem os direitos de comercialização do Tetris para produzi-lo em massa. Para cumprir o contrato feito com a Nintendo.
No decorrer do processo conhece, Robert (Roger Allam) e Kevin Maxwell (Anthony Boyle), da Mirrorsoft. Eles detêm os direitos da marca, através de Robert Stein (Toby Jones, o Basil Shaw de “Indiana Jones & A Relíquia do Destino, 2023”). Funcionário do governo soviético que trabalha para ELORG. Empresa de informática ligada à KGB. Semelhante a CIA na terra do tio Sam. Fazendo com que Henk viaje pelos quatro cantos do mundo para salvar a empresa e manter a família segura. Ele penhorou sua casa com o gerente do seu banco Eddie (Rick Yune) para conseguir o empréstimo necessário para cumprir o acordo com a Nintendo. Ao mesmo tempo, vai até a filial nos EUA, para conversar a respeito da licença necessária do Tetris com os advogados.
Sendo apresentado ao console Game Boy. Tem a ideia de incluir seu jogo na plataforma. Ambos ficam fascinados com ideia. Assim
Henk precisa lidar com os reveses para atingir seus objetivos. Ir até a sede da
Mirrorsoft, se encontrar com os Maxwell e ver Stein pela primeira vez. Tentar
convencê-lo a ceder os direitos para não perder o que conquistou e sacrificou.
Em especial o convívio familiar. Até conseguir ir à Rússia para convencer a
cúpula da Elorg para conseguir a licença definitiva do jogo. Porem descobre da
pior maneira que vai mais difícil do que imaginava. Para aqueles que não
conhecem a história o estado soviético, é puro comunismo. O estado era quem
tinha domínio sobre as coisas e as pessoas.
Estas não tinham posses. Seja uma casa ou mesmo a criação de um jogo como Tetris. O
filme discute o fim dessa era, com a então União Soviética ruindo com a queda do muro
de Berlim e consequentemente o surgimento das repúblicas independentes da Letônia e da Lituânia. Os que tinham
poder vinham isso escapar de seus dedos. E para mantê-lo, usavam o pouco que
tinham para se fazerem presentes. Exemplificado no personagem Valentin Trifonov
(Igor Grabuzov), oficial a serviço
da KGB, que faz uso do seu status e a imagem da Cortina de Ferro, para enriquecer
sem saibam com a venda do jogo.
O CEO da Elorg Nikolai Belikov (Oleg Shtefanko) acompanha as negociações com Henk, Stein e os Maxwell. Sentindo que Rogers está sendo sincero em suas intenções e vendo a ruina que está por vir para a nação que nasceu e ama incondicionalmente. Taron exibe todo seu carisma, além
do talento cômico. Num papel mais sóbrio do que vimos em “Rocketman (2019)”, ele transmite a dramaticidade do personagem. Apesar das idas e vindas, se mantém perseverante que vai conseguir o que deseja. Outro
acerto é a trilha sonora, puro anos 80. Isso graças ao compositor Lorne Balfe de “Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes (2023)”. Trazendo aquele clima soturno soviético, traduzidos no trabalho primoroso do diretor de fotografia Alwin
Küchler, daqueles tempos conturbados.
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