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O Documentário "LIGHT & MAGIC", a essência do cinema

A magia do cinema nos transporta para mundos incríveis, que nos encanta e deixa nosso imaginário repleto de ideias. Como seria viver e criar um mundo assim?  Daí, George Lucas criou a saga Star Wars. A opera espacial sobre um garoto que vive numa fazenda, uma princesa e um mercenário precisa de efeitos especiais fora do contexto da época. Pois o que havia disponível, não traria o que Lucas imaginou para Star Wars. E como fazer isso? Tendo como base “2001: Uma Odisseia no Espaço (1968)” de Stanley Kubrick. Baseado na obra homônima de Arthur C. Clarke, é considerado por muitos, o maior filme de ficção cientifica de todos os tempos.

Fascinado com o que viu, George queria isso para realizar algo semelhante com Star Wars. Só achava que as cenas no espaço eram muito lentas. Como ele estava imaginando uma aventura espacial, precisa de movimento. Mas queria algo novo e revolucionário para aqueles tempos. Após se destacar com a scifi reflexiva “THX-1138 (1971)” e ganhar credito com a comedia adolescente “American Graffiti: Loucuras de Verão (1973)”. Assim Lucas focou no conto de sua saga. Percebendo que para realiza-la do modo que queria, necessitava uma equipe diferenciada para criar os efeitos visuais e as criaturas vindas do seu imaginário.


Assim surge a Industrial Light and Magic. Mais popularmente conhecida como ILM. Buscando por profissionais como ele, a busca por novos conceitos para efeitos especiais. No caso, John Dykstra e Richard Edlund. Com o primeiro, ajudando George em encontrar jovens que desejam trabalhar no cinema. Uma nova geração formada por Joe Johnston, Ken Ralston, Lorne Nichoison, Dennis Muren e Phil Tippett por exemplo. George montou a ILM e deixou Dykstra para administrar a equipe e o cronograma para inserção dos efeitos especiais no primeiro filme de Star Wars. “Uma Nova Esperança (1977)”. Enquanto ele estava no set de filmagem em Londres, John comandava a equipe na sede improvisada da ILM em Van Nuys na Califórnia (Los Angeles). 

De tempos em tempos, Lucas o visitava para ver como as coisas estavam caminhando. Um misto de desespero e disposição para realizar o que George concebeu para “Star Wars”. Ele já tinha todo filme na cabeça, visualmente falando. As batalhas no espaço, foram inspiradas no confronto aéreo das forças aliadas contra os alemães na Segunda Guerra Mundial. Ele deixou um curta montado com imagens da época, para Dykstra e o pessoal da ILM ter como base e filmar a épica luta entre a Aliança Rebelde e o Império em meio a estação espacial Estrela da Morte. Como era algo novo para os envolvidos e Lucas deixou bem claro que os efeitos usuais não funcionariam em “Star Wars”. 


Teriam que ser efeitos jamais realizados, algo inovador. Eles viviam com uma fraternidade, em meio a muito trabalho, haviam momento de descanso. Assim se aproximaram e se transformaram numa espécie de família. Mesmo com os atrasos e o estouro no orçamento, Dysktra e Edlund se responsabilizaram pela parte técnica, o desenvolvimento de câmeras e equipamentos, onde o imaginário de George ganhava vida nas telas. Enquanto Tippett e Nicholson, ficavam na oficina desenvolvem as criaturas e os efeitos em stop motion. Johnston se responsabilizou pelos storyboards a partir do roteiro e os primeiros desenhos de Ralph McQuarrie, bem como a montagem das naves espaciais.

Apesar de todos os percalços, George conseguiu finalizar o filme e lança-lo a tempo. Ele se surpreende, depois de passar a noite em claro para a edição final de “Uma Nova Esperança”, foi comer algo na lanchonete próxima ao Teatro Chinês. O local faria a estreia oficial da película (25 de maio de 1977) e o Criador, como ficou conhecido George Lucas, se espantou com o público aguardando a abertura da bilheteria. Eles estavam por todo entorno do teatro e invadindo as calçadas das esquinas próximas. Se tornando um sucesso mundial, com 11 indicações ao Oscar daquele ano incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Roteiro Original. Levando para casa sete estatuetas nas premiações técnicas.


E óbvio a de Efeitos Especiais foi muito celebrada e confirmando o empenho de todos os envolvidos. Onde a Industrial Light and Magic se torna uma referência. Com o final do trabalho, muitos funcionários deixaram a ILM e partiram para outros projetos. Os poucos que ficaram, foram chamados para a continuação de “Uma Nova Esperança”, “O Império Contra-Ataca (The Empire Strikes Back, 1980)”. Edlund, Johnston, Ralston, Tippett e Nicholson permaneceram, com o primeiro assumindo o lugar de DykstraGeorge resolveu mudar a sede da ILM para um local maior e mais bem localizado em Marin County (Califórnia).  

Aqui vemos a verdade dos fatos sobre a relação de George e JohnLucas o considera como um profissional excepcional, mas não se mostrou capaz de coordenar uma equipe. Especialmente em momentos de tensão, como os vividos durante a produção de “Uma Nova Esperança”. Todos cientes do novo desafio, destacando o trabalho de Phil Tippett na sequência da batalha no gélido planeta Hoth. E posteriormente ao criar o monstro Rancor para “O Retorno de Jedi (1983)”. Em meio a isso, George percebeu a necessidade de “não mexer em time que está ganhando”, pegando emprestado a gíria futebolística.

Abrindo o leque de trabalho da ILM para seus amigos cineastas como o mago Steven Spielberg para a saga do arqueólogo mais conhecido da sétima arte Indiana Jones. Aqui temos o registro oficial da conversa deles a respeito. Onde Spielberg queria dirigir um filme de James Bond, porem nunca foi convidado. Foi o pretexto perfeito para George compartilhar com o amigo, a ideia de um aventureiro que busca por artefatos históricos.  Ele curtiu e concordou com a proposta de Lucas em fazer três filmes. E confirmando uma relação em comum entre Indiana Jones e a trilogia clássica de Star Wars. Desde “Indiana Jones & Os Caçadores da Arca Perdida (1981)”, a ILM trabalha em parceria com Spielberg.

E mais uma vez, ILM revolucionaria a indústria do cinema em “Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros” em 1993. Apesar do árduo trabalho de Tippett e Stan Winston na construção de dinossauros. Seja em tamanho real como o Tyranossaurus Rex e na arte do stop motion feita com maestria por Tippett com os velociraptors. Os jovens estagiários Mark Dippé e Steve SpazWilliams trouxeram a versão digital dos dinossauros que bem vimos na película. A produtora Kathleen Kennedy, Muren e o próprio Spielberg ficaram literalmente “de queixo caído” com o curta montado pela dupla com o efeito criado por eles.  

Light & Magic” discute os prós e os contras das mudanças promovidas pela ILM. Com o efeito digital ganhava mais relevância, o pessoal da oficina que criava os monstros, os cenários e as naves tiveram que acompanhar esta evolução. Poucos se aventuraram, entre eles Lorne Nicholson. Tippett também estava bem contrário a isso. Mas depois o que viu em “Parque dos Dinossauros”, a evolução dos tempos chegou na sua área de trabalho. Acabou se adaptando e criando o Tippett Studios. Onde mescla as duas técnicas. O cinema digital era uma visão do próprio George Lucas e a Prelogia deixa isso bem claro. “A Ameaça Fantasma (1999)”, “O Ataque dos Clones (2002)” e “A Vingança dos Sith (2005)” só puderam ser produzidos graças a essa nova tecnologia. Palavras do “Criador”. 

Ele estava muito à frente do seu tempo. Apesar de fazer parte de uma geração que revolucionou o cinema: Francis Ford Coppola, Martin Scorsese, Brian De Palma e Spielberg, cada um trouxe seu olhar apurado para sétima arte. Lucas foi marginalizado por seus ideais e hoje é ovacionado por aqueles que denegriram seu nome. O melhor exemplo da sua visão é a técnica usada nas series “The Mandalorian (desde 2019)”, “O Livro de Boba Fett (2021)” e mais recentemente em “Obi-Wan Kenobi (2022)”, onde não é mais preciso se locomover ou montar cenários gigantescos. Num estúdio envolto por um telão Led em 360º, nos faz sentir que estamos em Tatooine ou na nave de Mando / Din Djarin, a Razor Qiuest, viajando pela galáxia com o pequeno Grogu a tiracolo. 


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