O mundo do rock e a sétima arte possuem fortes laços. O maior exemplo disso é o mestre do cinema Martin Scorsese e os Rolling Stones. Desde “Caminhos Perigosos (1972)”, os Stones se fazem presentes nos filmes do cineasta. Um dos momentos mais marcantes desta parceria é a abertura de “Os Infiltrados (2006)” com a narração em off Jack Nicholson ao som de “Gimme Shelter”. Para saber mais, no link: https://cyroay72.blogspot.com/2012/07/martin-scorsese-rolling-stones-grande.html. Bem como Danny Elfman que deixou de ser vocalista do Oingo Boingo para se tornar um dos principais nomes do ramo e trabalhar diretamente com Tim Burton em filmes como "Beetlejuice: Os Fantasmas se Divertem (1988)", "A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça (1999)" e a versão live action do clássico Disney "Dumbo (2019)", por exemplo.
Na nova geração temos o guitarrista do Radiohead Johnny Greeenwood e Paul Thomas Anderson, onde trabalham juntos desde “Sangue Negro (2007)”. Junto a eles, temos o ex-garoto enxaqueca Sean Penn e o simpático vocalista do Pearl Jam Eddie Vedder. Penn, hoje tido como um dos grandes atores da sua geração, já possuía uma carreira bem consolidada atrás das câmeras como diretor. Estreando com o policial “The Indian Runner” em 1991 que é baseado na canção do “The Boss” Bruce Springsteen, “Highway Patrolman (1982)”. Foi elogiado pela crítica e público com o thriller “O Acerto Final (1995)” e o suspense “A Promessa (2001)”, ambos estrelados por Jack Nicholson. Em 2007, realizou o road movie “Na Natureza Selvagem (Into The Wild)”.
Baseado no livro homônimo de Jon Krakauer, lançado em 1996, sobre o jovem Christopher McCandless que largou tudo para viver sozinho nas montanhas no Alaska. Mais exatamente em Healy, ao norte da Reserva Natural e Parque Nacional do local. Abandonando a família, os estudos na universidade e abrindo mão de todos os bens materiais que possuía para ter uma vida livre das amarras do mundo. Encontra um ônibus abandonado em um vale e passa a morar lá. Chris veio a falecer depois de ingerir por engano um fruto venenoso. Sean resolveu contar esta jornada espiritual e pessoal de Christopher. Após ler o livro sem maiores interrupções e adquirindo seus direitos de filmagem.
Percebendo
que necessitava de um bom acompanhamento musical. Ao invés de fazer uso de
canções da geração de Christopher, resolveu chamar Eddie Vedder para ajuda-lo musicalmente
falando. Sean é um grande fã do PJ e
compartilha a mesma ideologia política de Vedder.
A união perfeita para o primeiro trabalho individual de Eddie sem seus parceiros de banda. Saindo da sonoridade
característica do PJ, ele opta pelo som acústico. A força dos violões e
ukelele, é claro que canções mais encorpadas surgem como “Setting Forth” e “Far Behind”.
A mais próxima do estilo PJ de ser é a versão para “Hard Sun” de Gordon Peterson aka Indio. A delicada “Guaranteed” é o tema musical principal e ganhou
o Globo de Ouro de Melhor Canção de 2007.
Em 2021, eles retomam a parceria com a história verídica de “Flag Day”. Onde Penn é John Vogel, um golpista e falsário que ainda tinha delírios de grandeza. Por isso foi preso e obrigado a se afastar dos filhos. A mais velha Jennifer e o mais novo Nick. Ambos são interpretados por Dylan e Hopper Penn respectivamente, filhos de Sean na vida real. A personagem de Dylan se tornou jornalista e escreveu o livro “Flim-Flam Man: The True Story of My Father’s Counterfeit Life (2004)” sobre seu relacionamento com o pai, que serviu de base para o filme.
Com Eddie também trazendo sua filha Olivia Vedder para cantarem juntos a introspectiva “My Father’s Daughter”. Apesar do atual momento vivido com a pandemia do coronavírus, “Flag Day” estreou no Festival de Cannes do ano passado e obteve uma ótima recepção. Destacando a atuação de Dylan. Em especial nos momentos ao lado de Sean, onde exibe a admiração seguida da decepção por enxergar a verdadeira faceta do pai. Um talento a se ficar de olho e comprovando um velho ditado: "Filha de peixe, peixinha é".
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