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A história verídica de "O OFICIAL E O ESPIÃO" por Roman Polanski

O cineasta francês Roman Polanski não se notabilizou só pelo talento atrás das câmeras em filmes como o thriller “Repulsa ao Sexo (1965)”, a comédia “A Dança dos Vampiros (1967)”, o clássico terror “O Bebê de Rosemary (1968)”, o policial “Chinatown (1974)” e o claustrofóbico “O Inquilino (1976)”, este último assumiu o papel principal. Ele também é conhecido como o viúvo da atriz Sharon Tate assassinada pela gang do serial killer Charles Manson em 1969. 

E a pena de prisão cumprida em 1977, pela acusação de estupro a uma menor de 13 anos nos Estados Unidos. Cumprindo parte dela e sendo liberado. Posteriormente o juiz responsável pelo caso a aumentou, fazendo com que Roman fugisse para França. Desde então tem sido acusado por outras mulheres que foram atacadas por ele. 

Fora que se pisar em solo norte-americano, será preso novamente. Assim sua carreira tem sofrido altos e baixos em filmes como o drama “Tess (1979)”, o thriller “Busca Frenética (1988)”, o sensual “Lua de Fel (1992)”, o suspense “O Último Portal (1999)” e o drama de guerra “O Pianista (2002)”. E com este, voltou as boas graças do grande público por ter levado a Palma de Ouro do Festival de Cannes, o César (o Oscar Frances), o BAFTA e o Oscar para Melhor Diretor daquele ano.  

Mantendo seu padrão de qualidade em filmes como “O Escritor Fantasma (2010)”, “Deus da Carnificina (2011)”, “A Pele de Vênus (2013)” e “Baseado em Fatos Reais (2017)”. Estes dois últimos estrelados pela sua mulher Emmanuelle Seigner, que conheceu no set de “Busca Frenética”. Voltam a trabalhar juntos em seu novo filme “O Oficial e O Espião (J’acusse, 2019)”.

Que é baseado em uma história real, onde o capitão do exército francês Alfred Dreyfus foi condenado à prisão perpetua na Ilha do Diabo, por traição em 1884. Ele foi acusado por espionagem para os alemães. O julgamento ocorreu as portas fechadas. Passados mais de dez anos, foi atestada sua inocência. Dreyfus é interpretado por Louis Garrel

Ao lado dele, o investigador do exército Georges Picquart (Jean Dujardin, Oscar de Melhor Ator por “O Artista, 2011”) questionando sua rápida condenação, iniciando uma investigação particular para entender a real motivação para tal. Já que ele foi inquirido para verificar sobre as atividades de Dreyfus na época. 

Polanski e o jornalista Robert Harris adaptam o livro de mesmo nome escrito pelo segundo. Eles focam na visão de Picquart que deixa a trama da película mais ágil. Fazendo com que o espectador se afaste do personagem de Garrel. Justificando seu isolamento na Ilha do Diabo. Enquanto isso, Picquart corre para encontrar a verdade dos fatos. 

Percebendo que há mais preconceito do que uma justificativa para um nacionalismo exacerbado como visto na forte sequência de abertura de “O Oficial e O Espião”. Quando Dreyfus, judeu de origem, é destituído de seu cargo militar em frente ao batalhão e com as pessoas comuns do lado de fora do quartel, berrando palavras de ordem. Ele é humilhado em praça pública. Tem sua vestimenta é rasgada, a espada é destruída e as medalhas jogadas ao chão, sendo pisoteadas. 

Roman, como bem fez o mago Steven Spielberg em “A Lista de Schindler (1993)”, traz à tona o antissemitismo sofrido pelos judeus. Suas origens são mais traumáticas que as de Spielberg, onde perdeu os pais nos campos de concentração de Auschwitz e Mauthausen-Gusen na Segunda Guerra Mundial. 

Ele deixou isso bem exemplificado em “O Pianista”. Agora retoma o assunto com a persona de Picquart sendo seu alter ego. Este percebe que há uma falha de caráter e moral nas instituições que tanto defende e em especial, naqueles que acreditava serem as pessoas mais compreensivas e justos. No caso, suas lideranças. 

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