Como uma das principais estreias do último final de semana, temos o documentário “Tropicália (2012)” de Marcelo Machado. Ele conta como foi o início do movimento cultural que revolucionou o mundo das artes no Brasil. Tendo como principal destaque a música popular brasileira. Logo após a Bossa Nova de Tom Jobim & João Gilberto e o iê-iê-iê da Jovem Guarda de Roberto & Erasmo Carlos.
O principal destaque do filme fica para as imagens raras que surgem no decorrer do filme como Caetano Veloso & Gilberto Gil dando uma canja no Festival da ilha de Wright, na Inglaterra em 1970; Nara Leão fazendo suas imagens de Caetano defendendo “Alegria, Alegria” no Festival da Record em 1967; Jards Macalé & Gil passeando pelas ruas de Londres (Inglaterra) no seu exílio forçado em 1971 e Tom Zé e Torquato Neto, vendo da plateia, o show de lançamento do disco “Tropicália” em 1968.
O documentário se propõe a mostrar como foi esse movimento em plenos tempos de ditadura. Onde ele influenciou o cinema novo com Glauber Rocha em seu filme “Terra em Transe (1967)”, o teatro com José Celso Martinez Corrêa com suas peças anárquicas e as artes plásticas com Hélio Oiticica.
Recheado de depoimentos da época dos citados acima juntamente com os de Caetano, Gil, dos irmãos Mutantes Sérgio Dias & Arnaldo Baptista, Rita Lee e Rogério Duarte nos dias de hoje. Machado acerta ao usar tais falas sem a imagem atual dos seus narradores e as mesclando com imagens daqueles anos a serem revolucionados.
Assim vemos o crescimento do Tropicalismo e seus desdobramentos na carreira dos mesmos, juntamente com a cultura brasileira da época. Em ordem cronológica, a película começa em 1967, conta o início daqueles tempos em ebulição. Com os festivais de música da Rede Record em São Paulo e na Rede Globo no Rio de Janeiro, onde vemos a performance de Gil com os Mutantes na canção “Domingo no Parque” e Caetano com “Alegria, Alegria”.
Já em 1968, o movimento ganha mais força com o lançamento do álbum “Tropicália ou Panis et Circensis” que tem em seu registro Caetano, Gil, os Mutantes, Tom Zé, Nara Leão, Gal Costa, Rogério Duarte e o maestro Rogério Duprat. No final daquele ano, é instituído pelo governo militar o famigerado Ato Institucional Nº 5, ou AI-5. Este foi redigido na época ministro da justiça Luís Antônio da Gama e Silva em 13 de dezembro de 1968, entrou em vigor durante o governo do então presidente Artur da Costa e Silva, o ato veio em represália à decisão da Câmara dos Deputados, que se negara a conceder licença para que o deputado Márcio Moreira Alves fosse processado por um discurso onde questionava até quando o Exército abrigaria torturadores ("Quando não será o Exército um valhacouto de torturadores?") e pedindo ao povo brasileiro que boicotasse as festividades do dia 7 de setembro.
Mas o decreto também vinha na esteira de ações e declarações pelas quais a classe política fortaleceu a chamada linha dura do regime militar. O Ato Institucional Número Cinco, ou AI-5, foi o instrumento que deu ao regime poderes absolutos e cujo primeiro ato foi o fechamento do Congresso Nacional por quase um ano. Com ele em 1969, Caetano & Gil foram presos e consequentemente expulsos do país. Este exílio é relatado em detalhes por eles ao som de “London, London” de Caetano composta neste período.
Passados três anos de exílio, é permitido a eles retornarem ao Brasil. Assim temos a canção “Back in Bahia” de Gil encerrando o documentário. E a constatação da importância do Tropicalismo para a cultura brasileira como um todo e como ela é relevante atualmente.
Comentários
Postar um comentário